HISTÓRIA

Marinha de Guerra Angolana, inicialmente designada por Marinha de Guerra Nacional, foi criada á 10 de Julho de 1976 após ter terminado o primeiro curso de Especialistas Navais ministrados por instrutores cubanos. No entanto a sua génese pode ser referenciada a 11 de Novembro de 1975,quando um grupo de combatentes angolanos, componentes das forças integradas se apoderarem das instalações da Marinha colonial, em virtude do seu abandono pelas autoridades portuguesas.
Mesmo antes desta data, já as nossas unidades realizavam actividades com destaque para as lanchas de desembarque “Alfange” e “Ariete”que apoiavam as tropas terrestres na pacificação do Norte do país.
Nesta altura, constituíam património da Marinha Nacional o espólio da Marinha colonial, consubstanciado nas infra-estruturas em terra, navios e lanchas, sendo:
// 4(quatro) lanchas de fiscalização da classe “Argus”;
// 5 (Cinco) Lanchas de fiscalização pequenas “Bellatrix”;
// 2(Duas) Patrulhas pequenas da Classe “Júpiter”;
// 2(Duas) Patrulhas pequenas da Classe “Pollux”;
// 2 (duas) Lanchas de Desembarque médias (LDM);
// 3 (três) Lanchas de Desembarque Pequenas (LDP);
.1 (um) Navio hidrográfico, que nunca navegou e apenas funcionou como navio escola e centro de comunicações. Graças a um ingente e entusiástico trabalho dos combatentes e trabalhadores da Marinha com ajuda internacionalista de especialistas cubanos, esses navios foram postos a funcionar e passaram a navegar. Os marinheiros nessa altura com as mais variadas missões sulcaram com orgulho os imensos horizontes das águas nacionais de Angola, já que o dispositivo de que dispunha possibilitava o asseguramento quase da totalidade de todas as missões programadas.
No entanto a boa vontade, entusiasmo e espírito patriótico não estavam aliadas as disponibilidades financeiras de forma a poder manter os meios técnicos existentes.
Desta forma é que paulatina mas definitivamente se foram avariando os navios, uma parte dos quais abalroados e encalhados e outros ainda “apodrecidos” e naufragados em cais. Desta maneira, a uma intensa actividade de fiscalização seguiram-se tempos de menor presença no mar, já que os navios são o núcleo a volta do qual se devem desenrolar todas as abordagens sobre a Marinha.
A partir de 1976 foram sendo adquiridos os primeiros navios e lanchas de construção Soviética, nomeadamente Lanchas Torpedeiras e navios de desembarque médio, o que coincide com a chegada dos primeiros especialistas básicos formados na URSS. Estes meios e homens vieram reanimar a actividade operativa da Marinha.
Os navios de desembarque cumpriram numerosas missões de apoio as forças terrestre na transformação de homens e técnica e mesmo no interesse da economia nacional. As lanchas Torpedeiras e lanchas de fiscalização remanescentes cumpriram missões de patrulhamento e tiveram no seu palmares a apreensão de vários barcos que violaram a nossa soberania nacional.
Em 1980 chegou o primeiro contingente de técnicos médios angolanos formados na URSS e em Cuba nas diversas especialidades, aparentemente um alto nível de operacionalidade dos navios, armamento e meios técnicos devia ser conseguido ao combinar-se o binómio “Tecnica-homens preparados”. Tal não aconteceu porque as estruturas de assistência técnica não estavam a altura do nosso desejo. As oficinas navais de Luanda e do Soyo estavam degradadas, a Sorefame de Luanda, idem, a Sorefame do Lobito realizaram as reparações que se impunham.
Em 1983 chegam as Lanchas Porta-Mísseis que de facto vieram dar nova vida e o reaparecimento da Marinha, constituindo até 1989 o momento áureo da MGA.
Em 1987 chegaram 2 Draga-minas portuárias que pelas suas características não puderam influir consideravelmente no estado geral da Marinha.
Desta forma, a partir de 1989 a marinha está praticamente incapaz de manter em prontidão mais de 50% das suas forças navais, e aqueles navios que se consideravam operacionais.
Realça-se por outro lado, a criação de um sistema de observação costeira por radares, cujos problemas técnicos são similares aos dos navios.
Em 1992,com a introdução de uma nova doutrina, a MGA procedeu a alteração da sua estrutura orgânica, sendo as mais significantes as seguintes:
// Surgimento do Estado-maior Coordenador como órgão de concepção;
// Comando Naval como órgão operacional do Ramo; 2 (dois) Comandos Funcionais (CLA e CPI);
// Zonas Marítimas, onde as Bases Navais estavam inclusas, mas com tarefas de asseguramento.
Conheceram-se algumas dificuldades no funcionamento destas estruturas.
É neste período que são introduzidas no dispositivo da MGA, 4 (quatro) lanchas de fiscalização de fabrico Espanhol, que devido as avarias constantes não alteraram grandemente o estado de prontidão do Ramo, apesar de terem sido adquiridas no estado de novas.
A criação da Força de Fuzileiros, veio tornar mais flexível o sistema de forças da MGA, tornando-a mais omnipresente no mar e em terra, em toda a extensão da costa, ao mesmo tempo que viabiliza da melhor forma a cooperação com o Exército, actuando na orla marítima e nas margens dos grandes rios.
Toda esta evolução teve reflexo, como é óbvio, nas sucessivas estruturas orgânicas e sistemas de direcção que se foram criando.

1 comentários:

É de lamentar o estado em que se encontra esta nossa marinha na qual servi com muita honra e orgulho, e onde apesar das dificuldades do momento sempre soubemos preservar o que estava á nossa responsabilidade e realizar com sucesso as missões que nos eram dadas. Decepcionante que após começarem a chegar os quadros formados por longo tempo no exterior esta se começou a degradar. Nós, os tais especialistas menores cá formados em pouco tempo soubemos dignificar o ramo com os poucos recursos que dispúnhamos e hoje estamos entregues ao abandono. De lamentar que as pessoas só pensem no presente, pois por mais que haja pesquisado na internet poucas ou nenhumas são as coisas conservadas desse tempo. Onde estão as fotos dos meios que naquele tempo utilizamos? Não por saudosismo mas para que se preserve a história pois não há futuro sem presente nem presente sem passado. Sinceramente é triste que nos arquivos da marinha portuguesa encontrei fotos de barcos que nos deixaram e principalmente de um no qual fui contramestre Que no caso significava comandante e que foi o primeiro e único meio com que se comunicava com o primeiro centro de formação militar que limpamos e criamos as condições minimas para se tornar habitável. Não o citarei mas a lancha sim, a LDP 201. Será que se recordam? Boa foi a iniciativa de criarem este blog mas de igual forma está votado ao esquecimento. Podem-me chamar para blogueiro deste ramo pois o farei com bastante prazer uma vez que também o estão deixando morrer.
Hoje termino por aqui e talvez alguns me reconheçam pelo nome de guerra Pequeno Diabo ou simplesmente por Navegante do 14 (NDM 14 de Abril)
Saudações

Postar um comentário